11 November 2022
A MINHA SELEÇÃO
A MINHA SELEÇÃO
28 February 2022
O martelo foi-se
A capacidade de combater, na assembleia da república, a injustiça de algumas direitas mais conservadoras e penalizantes à qualidade de vida, faziam esquecer o conservadorismo social e ideológico, o sentimento anti-ocidente primário, a defesa cega de ditaduras totalitárias, as leituras enviesadas da história (nomeadamente quanto aos países em que o Grande Ideal foi testado - sempre numa escala de mau a desprezível) e a união anti-democrática de massa crítica (útil em tempo de guerra, totalmente desajustado e intolerável em tempo de paz).
É triste ver um partido, que nos habituámos a defender a saúde e a educação, aproximar-se de posições (em que Bolsonaro e Lukashenko são dos poucos que os acompanham) que nem a Turquia, Hungria ou, pasme-se, Boris ou Trump (incrível), o fizeram. Repetem os "mas há outros..". E isso não é o suficiente para justificar os "mas...".
É com muita tristeza que se assiste a isto, num estado liberal e livre - e pior, ter que assistir ao declínio de uma força tão necessária à democracia portuguesa (ainda por cima por ser um museu vivo histórico, único na europa, mesmo que dogmático) e por se ter tantos contatos e laços profissionais (e muitos, positivos e construtivos) e de amizade. especialmente na região do Alentejo.
Mais que tudo isto, é com tristeza que percebemos que se o Mal voltasse a esta experiência sociológica que é a União Europeia (eventualmente a experiência que mais se aproximou de um ideal humanista - sem nunca, de facto, o ter atingido em pleno - e que há pouco mais de uma década, aparenta estar em declínio ideológico e político) qual seria o lugar que muita gente tomaria, neste mar de hipóteses e suposições.
A vida continua.
Esperemos que a paz e a democracia e a liberdade prevaleçam.
22 March 2016
Zé, o Faustino
Tal como eu quando era miudo, o meu filho, cada vez que sai um disco de mão morta, corre para o torrents, de forma a ouvir sons frescos da novidade. o zé, outro, primo meu, diz-me que o mundo vai acabar. verdade de la Palisse à parte, tenho alimentado ansiedades derivadas da arquitectura técnico-táctica da minha mente.
d'o meu museu imaginário
alternativos a nada
por acaso nessas coisas modernas, sempre tentei olhar com algum distanciamento
olhar para lá da rama
porque debaixo da poeira, muita coisa é mais do mesmo
seja artisticamente, seja no comportamento social, seja mesmo nos interesses de quintalinhos pequenos e mediocres
de facto, lamento esta bloconovela que acusa, bem como a incompreensão por parte de muitos que recusam participar e discutir. Muitas das coisas que são indicadas (como procurar os bairros e as localidades limitrofes) já muitos de nós fazemos (ou tentamos fazer, muitas das vezes sem o apoio - e não apenas financeiro - das próprias Juntas e também das próprias pessoas, que preferem ficar a ver Morangos com açucar ou afins). Mas não desistimos. No meu caso particular interessa-me o diálogo (não esta guerra de palavras ocultada pelo anonimato, mas discussão que faça avançar). Tenho-me ausentado da discussão pública porque, efectivamente, o cenário tem sido sempre o mesmo, repetitivo e cheio de movo. Se há alguma coisa que me atrai neste movimento é, para já, uma potenciação das conversas e uma efectiva necessidade de resolver (e não somente criticar). O mofo discursista (independentemente de vir com uma capa "partidária", "parada no tempo", "alternativa" ou "contemporânea") não deve seduzir ninguém que quer crescer e ver crescer tudo à sua volta. O pensar pequeno faz parte de uma coisa maior e castradora: proteger os quintais e contentar-se com pouco, desde que esse pouco seja para si mesmo. Só tem medo do crescimento, de diálogo e de multi-oferta, quem sabe das suas fraquezas e não sabe que é na diversidade e na multiplicidade de visões, que está o crescimento e a abertura de uma sociedade.
Lamento as faltas de educação, as faltas de sensibilidade, a falta de cidadania, a critica apática, a agressão gratuita anónima. Sempre esperei que Évora pudesse mudar um pouco (onde por vezes, o que à partida seriam visões diferentes, geracionais e no seu lugar na sociedade, pouco se distinguem além da rama) e participo aqui porque me parece que, grão a grão, muda um bocado. Espero que possa fazer parte dessa mudança, como espero que todos colaborem - seja a discutir touradas, a escrever textos, a ir à rua, a apresentar espectáculos, a criticar de forma construtiva ou mesmo a fazer sardinhadas. Sobre isto não há que criticar demasiado, porque ser feliz nunca fez mal a ninguém (excepto a quem pretenda perseguir essa ânsia de se manter pequeno a todo o custo).
Interessa participar, dar a perceber que quem está mal são os silenciosos, os críticos de má fé e os que para quem está sempre tudo mal e nada propõem. A arrogância fica-lhes mal e não sabem a tristeza que causam àqueles que querem fazer crescer (neste caso, esta cidade).
Como já tive a oportunidade de escrever (e já se disse e repetiu de várias formas e formatos), isto é de todos e para todos - por isso, interessa participar e aí, opinar por trajectos e modos de actuação. Facilmente se perceberá que existem bastantes posições e visões diferentes, que nem tudo o que é proposto é acordado por todos (poderia exemplificar, mas estaria a falar de mais casos pessoais, por isso não vejo a necessidade), que muitas vezes há discussão mediante interesses particulares, mas há uma coisa importante: há discussão e, com mais ou menos interesse nisso, há crescimento fora de corredores e catacumbas.
Este movimento retirou-me temporariamente das conversas via net (para evitar ir de carro ou avião) com gente inquieta, com quem encontro interesses comuns e vontade de mudar. Era bom que, independentemente do rumo que tome, permita que esta cidade abata os muros e as muralhas (que já estão fora de moda:)
02 February 2015
Cócó
QUE CHAPÉU CABE EM TAIS CABEÇAS?
Defende-se alhos, pratica-se bugalhos. O esquizofrénico derruba a mesa do vendilhão do templo e grita para o ar que está tudo errado e atira-se para o chão, a chorar, enquanto apanha os cacos. É o unico que vê, apontando ao acaso, "são todos surdos, todos". Rouba com uma mão; com a outra apaga o sangue das suas vítimas, enquanto se ilude com a triste verdade: é doente ou é assassino. Lá está, fala de alhos.... e rouba o pobre do sacristão.
NO PICS
Uma linha que separa
Há uma linha que separa os sérios dos aldrabões,
Os esforçados dos usurpadores.
Mas onde fica essa linha?
Há uma linha que separa aqueles que estão abertos ao diálogo,
Dos que estão em todo o lado sem estar em lado algum;
que se dão com todos para de todos se aproveitarem.
E onde está essa linha?
Nas redes sociais não está, na aparência do marketing pessoal também não.
Onde está?
10 January 2015
Gosto de gostar
eu gosto de teatro, eu gosto de musica, eu gosto de cinema, gosto de literatura, gosto da literatura no teatro, gosto de teatro sem literatura, gosto do cinema na musica, gosto de musica sem teatro, gosto de teatro de mãos dadas à literatura, gosto de cinema com literatura, gosto de cinema sem literatura e com musica, gosto de cinema com teatro, gosto de musica sem literatura, gosto de literatura na musica, e com musica, e com teatro. gosto de teatro, de teatro. gosto! e não quero que ninguém goste disto mas que goste do que gostar. se gostar do que gosto, também gosto. se não gostar do que gosto, também gosto. se gostar do que gosta, também gosto. gosto que se goste. essencialmente é isto: gosto que se goste. e gosto de gostar.
19 December 2014
coca branca ou o ovo
07 December 2014
Pala-palas
Já todos vimos um porco a voar, uma mula chegar a presidente (de qualquer coisa), um asno a coordenar algo de que não percebe porra alguma, minhocas a dizer uma coisa e na mesma frase contradizer-se. Achamos que ja vimos de tudo e já nada nos espanta. E mesmo assim ficamos momentaneamente incomodados com coisas que se dizem, que se escrevem, que se defendem (na logica "porque sim").. lançamos uma repentina expressão "mas que porra", para logo depois lembrarmo-nos que algumas dessas lagartas, ou cobras, são umas grandes bestas e não valem a resposta. Pensamos "afinal somos todos uns tristes animais... que se lixem os camaleões e os ursos capazes de dizer ou escrever qualquer coisa".
24 November 2014
a perspectiva historica
Agarrada ao passado
Em que já lá nada há
Apenas a memória do que nunca foi
Muros e prisões,
Desejos e vontades
meras deturbações
ideologias como banalidades
E o rato fugidio
E o guarda autoritario
O menino que brincava
Com uma bola saltava
Q' merda é esta, perguntava
São as cores esbatidas de uma bqndeira qualquer
São as dores sentidas numa prisão qualquer
E o jovem maltratado
Com o pai aprisionado
Pedala ao frio a bicicleta
Condenado por uma bagatela
Enganado por aquela
Ideia destruida logo ao nascimento
São as dores do crescimento
Damos as mãos só porque sim
Com pós de perlimpimpim
Sonhamos em mudar o mundo
Esquecendo de olharmos para dentro
Só nos outros há maldade
Em nós a ingenuidade
De que uma ideia permite tudo
Mesmo maltratar toda a gente
A perspectiva histórica...? E a futura? E o agora?
Fechados num muro
Fechados num muro, bombas choram sobre os inocentes.
Abrimos o calendário da história e lembramo-nos do holocausto nazi,
e já há quem o tenha esquecido.
já há quem tenha esquecido os seus antepassados.
vemos a síria, o ruanda, a guiné equatorial, a coreia do norte
e lamentamo-nos. e a síria, e a ucrânia...
e recordamos as prisões estalinistas na sibéria,
a "santa" inquisição, e a morte dos indios americanos. o hamas impôe o terror,
dizem: o governo de israel inscreve-se brutalmente na história.
os desgraçados de inocentes civis, de ambas as partes,
sofrem a ira politiqueira de quem os dirige.
dizem: um facto é que a palestina é um recanto fechado, sem recursos, fechado num muro, sem armas e sem militares e israel inunde aquele territorio com bombas, aviões, milhões gastos em armamento..
dizem: israel é igual ao nazismo de hitler, à coreia do norte
dizem por aí,
entretanto, e enquanto muitos "dizem" essas coisas,
fechados num muro, bombas choram sobre os inocentes.
17 November 2014
Burros, não são fixes como nós
2 - tu és o maior
1 - tu é que és
2 - somos os dois
1 - ele também
3 - vocês é que são
2 - somos os três, muito fixes
1 - pois somos
..
2 - aquele é parvo
3 - são todos
1 - quem?
3 - todos
2 - são burros
3 - parvos
1 - são mesmo estupidos
2 - não são como nós
1 - somos muito fixes
3 - eles são burros
11 November 2014
é preciso ter tomates
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=4232978&utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook
06 November 2014
Psico-logia do mau político
Que chega a fingir que é dor
A dor que outros deveras sentem.
Na dor lida sentem bem,
Não as dores que ele teve,
Mas outras que ninguém vê.
gira, a entreter o cidadão,
Esse comboio de corda
Que se chama sobrevivência.
21 July 2014
TEATRO DE ILUSAO
2 - o quê?
3 - mataram um menino
2 - caiu um avião
1 - onde?
3 - porque é que desligaste o forno?
2 - o quê?
1 - mataram um menino
2 - porquê?
3 - mataram um menino
15 May 2014
o futebol devia ser apenas isso: futebol!
Na selecção vão estar alguns craques de dimensão mundial não é? Nani, Coentrão, Moutinho e claro, o Ronaldo.
Por isso eu propunha que o Paulo Bento levasse alguns jogadores polivalentes. Começava pelo Ruben Amorim - pode jogar à frente da defesa mas também a central ou a lateral direito se necessário. Ou mesmo mais à frente no meio campo.
Mas não me ficava por aqui.
Levava também o Beto porque podemos precisar de alguém que além de ser guarda-redes possa defender com as mãos no meio campo; e levava também o Carriço porque, prontess, podemos necessitar que um defesa faça de guarda-redes. Nada como ter jogadores polivalentes, a jogar, em campo.
Quanto ao Carriço eu levava-o também porque, sinceramente, preferia ver os jogadores a beijar-se em campo (dava uma outra cor a um futebol morcão e cabeçudo) do que andarem com aqueles bigodes palermas que alguém se lembrou de propor, há uns tempos, que os jogadores tugas usassem.
E prontosss, de um mal menor, olhem, fico contente pelos meus amigos sportinguistas e portistas: pelo menos já não deram a sua época por perdida e lá ganharam alguma coisita.
Quanto ao benfas.. é pá, parece que terá que ficar para o ano. Dizem que à terceira é de vez nei? :)
23 April 2013
grande punheta
29 March 2013
puxar o autoclismo, parte 4
22 March 2013
ironicamente
18 December 2012
manhã de natal
21 November 2012
anónimo
17 November 2012
wel, well, well
1
15 November 2012
que estado e com que direito?
03 November 2012
Back to middle ages ...
30 July 2012
segura-te, senão cais...
01 April 2012
excelente notícia acabadinha de chegar
04 February 2012
“the walking dead”: acordar num hospital abandonado e tentar sobreviver, custe o que custar.
As mentiras são universais – e não apenas neste país. Basta ver qualquer telejornal e rápidamente encontramos os copy-paste dos políticos de (quase) qualquer país. A indecisão fica entre pegar, também, em armas (e merecidamente atirar, a fazer doer, em mafiosos fardados – a farda política é uma das mais cinzentas que há, não é? – ou em forças polícias; todos eles fazendo lembrar zombies coordenados) ou tomar uma iniciativa que reme no sentido oposto, recusando o caminho da agressão, que lhes dá primazia. Mostrar, cara a cara, que são gente enganada como os demais. Dar uma lambada de luva branca, seja em jeito de brincadeira (dissimulando um acampamento fugídio, como fizeram os nossos amigos australianos), seja recorrendo à natural ternura (que só as bestas fingem recusar) como fizeram os manifestantes (contra a ganância, a mentira e a corrupção) na Colômbia.
Será que uma epidemia destas tenderá, alguma vez, a abrandar? Será que a infestação zombie, controlados físicamente pelo cérebro morto-vivo (aliás, o único modo clássico de eliminação é literalmente um tiro no meio dos cornos, como se sabe), despertará um dia as gentes para um novo estado, para um novo despertar?
Isto é o que procura Rick Grimes e a tribo que o acompanha. Como em qualquer fantasia pós-apocalíptica há sempre uma solução e um lugar que se julga ser diferente para melhor. Sonha-se, também, por uma vacina que possa eliminar ou reduzir a epidemia. E normalmente a vacina mais eficiente é a vontade.
"The Walking Dead" foi uma das séries que me deixou, recentemente, mais ansioso pelo episódio seguinte. Julgo que já não tinha essa sensação desde as transmissões de "Lost". A série realizada por Frank Darabont (recorrente em explorar as histórias de Stephen King em cinema) deixa-se imbuir do ambiente visual e narrativo da banda desenhada que lhe deu origem: a série homónima de Robert Kirkman e Tony Moore. O truque de deixar ansioso o espectador (imitando a técnica gulosa da última vinheta no canto inferior direito da página) mantém-se durante as duas temporadas, conseguindo jogar eficazmente com o elemento mais banal, mas simultaneamente mais genial do horror: sabes o que vai acontecer, sabes quando vai acontecer, sabes como vai acontecer. A emoção sobrepôe-se à razão (essa madastra que não consente a ideia repetida e maltrada o lugar comum) e deixas-te enganar com um suspiro afectivo. Um exemplo perfeito disto é a última cena do último episódio da segunda temporada: depois do tiroteio devastador, no qual todos os zombies presos no celeiro da quinta são eliminados, sabemos que ainda falta alguém e sabemos quem será esse alguém. Sabemos que é a jovem desaparecida Sophia. Mas mesmo assim, levamo-nos a enganar. Os zombies sabem, sempre, enganar-nos.
Quem frequentemente comparava a polícia, aquela das manifestações, com um grupo de zombies, era o Zé Rui: dizia que só queriam uma coisa, carne humana. Contudo o que conseguimos encontrar nos webisodes "Torn Apart" (uma pequena história paralela de "The Walking Dead", em jeito de spin-off, mas que nunca chega a ser porque a rapariga – Hannah ou The Bycicle Girl - deixa-se morrer para que os filhos sobrevivam) traz-nos um efeito de aproximação e deixa-nos abalados com a gratuidade da violência de certos agentes da ordem (momentânea e temporáriamente auto-considerados heróis) durante protestos a delinquentes. É um pouco como o anúncio àquele programa de televisão: às vezes, mudar de lado não faria mal a ninguém. Podia ser o suficiente para ver que o verdadeiro mal tem, muitas vezes, origem numa terceira fonte.
Post-scriptum: parece que vem aí e já tem dia marcado – dia 14 de Fevereiro, repetindo no dia seguinte, a 15. Julgo que é à noite.
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FACTOR MEDO: O MEU MUSEU IMAGINÁRIO
inscrito no projecto "Guerras/Crises" (guerrascrises.blogspot.com)
Miguel de Matos Valério (coisasdocorpo/ ExQuorum)
24 January 2012
“The office” um pouco por todo o lado
Talvez devido a essa sensação, a esse momento de emoção – em cada um daqueles vinte minutos -, eu ficara expectante aquando do anúncio da versão norte-americana. E lá estive, à espera que a NBC colocasse aquilo no ar. A escolha perfeita de Steve Carrell – um dos Frat Pack - para substituir o gerente de papel da versão britânica (e pensar que Paul Giamatti declinara o convite do produtor, ah?) deixava antever boas escolhas de casting. E foram, estando Rainn Wilson, com aquele egocêntrico "Dwight Schrute", como a cereja em cima do bolo.
A ideia de retirar a plateia das gravações ou de não colocar inserts de risos gravados, usando uma única câmara (bem como a de enviar o cenário para uma cidade pouco maior que Évora, onde se situava a sucursal de uma empresa de distribuição de papel), serviria para dar força ao mockumentário.
Esta série, que tem saltado criativamente tipo coelho de país para país, de versão para versão (Reino Unido, França, Estados Unidos, Brasil, Suécia, Chile, Israel, Canadá ou Alemanha – esta última menos oficial) ganhou um lugar de destaque na minha estante com caixas de dvd´s, naquele cantinho do meu museu imaginário.
Um destes dias, o Zé Rui veio à minha casa – estava eu a jogar "Portal 2" (com a voz de Stephen Merchant – o outro co-autor da série) - e perguntou-me, enquanto repetia um hábido costumeiro (o de passar o dedo pelos dvd´s como se fosse escolher o seu favorito): "olha lá, tu tens espreitado as notícias sobre esta cena da crise, né?". O meu silêncio era um misto de concentração no jogo e de um óbvio "claro que sim, quem é que se consegue abster dessa inundação informativa?".
O Zé Rui, agora fingindo que tomava atenção às capas dos filmes, dizia: "Esta cena da crise é uma treta. Cá para mim, nunca existiu crise. É uma invenção de alguém. Há os sobe e desce do poder capitalista, não é? Dás muito, tipo guloseima, e depois retiras a cenoura, senão era sempre a crescer desmesuradamente. E isso não dá. Entretanto estás com dívidas até ao tecto (pediste empréstimos para a casa, o carro, os sete ou oito créditos pessoais – para a nova impressora, para as férias de verão e também a de natal, para o novo iphone, o ipad e o i-que-já-tou-lixado) e não te podes mexer! Estás nas mãos deles.
Mas eu acho que essa história da crise nunca existiu. A ideia é retirar coisas que tínhamos como garantidas (como na saúde, na educação, na segurança social.. nas reformas... reduzir custos...) usando a desculpa da crise e do temporário. Dar um rebuçado, manter o interesse, mas sempre com controle. Sem esticar demais, nem retirar tudo. Quanto a essas garantias que se tinha, a intenção é manter isto assim mais tarde, mesmo depois de tudo isto (desta coisa inventada) passar. Aliás, esses tipos estiveram sempre à espera... deixa-os pousar. E paciência têm eles. Quer dizer, muitas destas coisas até íam tentando que fossem alteradas mas nunca conseguiam, mas agora com a desculpa da crise lá conseguem. E não é que vão lixar isto tudo? E fazem à descarada, sem artimanhas. Dizem uma coisa, fazem outra, voltam a prometer o que não cumprem e afirmam que sempre disseram o contrário. Com um descaramento sem limites."
Eu pensava no Steve Carrell e naquele toque genial de ridicularizar tudo em que toca. Achava que o Zé Rui tinha razão, contudo aquela realidade que ele descrevia era mórbida demais para pensar nela a sério. Toda aquela gigante equipa ministerial (com os outros amiguinhos, e ainda os outros das empresas, mais os das irmandades e os das nomeações) dava um resultado risível e indefinido que ficava a meio caminho entre os Rat Pack (com cenas de um filme antigo, fechados numa caixa pretensiosamente jazzy mas com cheiro a mofo) e os Frat Pack (com um suposto relaxamento rock que soa a falso e mentiroso por todos os lados).
O Zé Rui ficou a olhar para mim, mas como não lhe respondia, decidiu baixar-se e pegar no outro comando para jogar comigo: "Olha lá, não preferes jogar Grand Theft Auto IV? Também tem a voz do Ricky Gervais".
Post-scriptum: sei, de fonte segura, que eles vêm aí. É certo que vêm e é em meados de Fevereiro.
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FACTOR MEDO: O MEU MUSEU IMAGINÁRIO
Miguel de Matos Valério
inscrito no projecto "Guerras/Crises" (guerrascrises.blogspot.com)
(publicado no Seminário Registo de 19.01.2012)
25 November 2011
cogumelos
por vezes parece que muitos daqueles que agora tentam conservar as panelinhas, lançando um olhar retrógado e alucinado (vendo demónios em todo o lado - se calhar ainda são os restícios dos cogumelos) a tudo isto que presenciamos, em ´68 tinham toda a esperança no olhar, força nas pernas e voz para continuar a acreditar...
dantes é que era...
ou isso era o outro?
25 July 2011
Hoje a Praça estava ainda mais fantástica
Hoje a Praça estava fantástica. Ainda mais fantástica. Por razões de maior tivémos que sair a meio (o nosso campeão já não aguentava a hora, o barulho e a movida - há-de chegar o tempo - e tivemos que recolher), mas estava muito fixe: entre as sardinhas, as febras, o vinho e os rissóis; e o delicioso licor de ginja da Gertrudes; e a Joana toda contente a vender as t-shirts e os pin´s; a comidinha feita no forno, depositada no banco de pedra feito mesa..
Depois da enérgica prestação da PédeXumbo que meteu a praça a dançar (até o Luis - que ficou fotografado e está registado:), ainda consegui ver o delicado Manuel a dançar com os seus bonecos. Terá havido mais, mas com pena nossa não nos foi possível ficar já que tinhamos que devolver calma e energia ao lutador que ainda está numa fase primeva da sua caminhada. Contudo, ainda tivemos tempo para ver um pouco mais: os malabares de fogo que não apareceram porque o Sérgio se lesionou de tarde (mas estava lá a intenção, que é o mais importante); a Lurdes e a Midus na rádio improvisada; o Luís e a Margarida à procura do melhor ângulo para as fotos; a Dores a sorrir, a ver o Zé (os dois), a Maria Helena, o Carlos Julio e o resto do pessoal, a sorrir; O João e o Pablo que mudaram os paineis pela décima vez e lá andavam com o fogareiro e as sardinhas de um lado para o outro (antes do Miguel chegar com a criminosa pecadora chouriça); o Couvinha parado a olhar para a praça; a Inês que se preparava para lançar o mote com as tintas para "alguém lhe pegar e meter o pessoal a agarrar nos pincéis e compôr o painel"; o Pedro a tirar algumas fotos antes de ir para o ensaio, e regressar mais tarde (foi a primeira vez que estiveste ausente por um bocado, ah??); o Álvaro que se preparava para acompanhar o Ulisses ("então, preparado?"; "estou um bocado constipado, pá"); o Bento que não parava de sorrir por detrás do seu bigode. Toda uma praça que passava, paráva e sorria.
O sorriso bem presente na cara de todos que equipavam de vermelho (e os outros que não equipavam de vermelho:), com o candeeiro estampado a iluminar o caminho, resumia uma noite que representava dias e dias e noites e noites a discutir, a compartilhar, a trocar ideias, a parvar, a rir, a colaborar...
Obrigado por tudo nestas ultimas semanas. Aqueles que já conhecia e descobrimos mutuamente um outro lado, mais protegido das tempestades do dia a dia; aqueles que aprofundamos uma relação ou recuperámos o sorriso e a cumplicidade; aqueles que não conhecia e que foi um prazer descobrir a sua grandeza; aqueles que mostraram que é possivel construir na adversidade e na diferença, e que é na multiplicidade que está a unidade... Nós agradecemos; Évora agradece (espero eu:)!
Muito obrigado a todos e esperemos que seja o inicio algo maior, de contínuo... Amigos, vamos falando porque isto só agora começou!
Beijos e abraços para todos.
24 July 2011
Amigo, Não Vás Por aí, Porque se Fores Por aí, Vais Sozinho
Com o passar do tempo, foram-se multiplicando as ofertas e os interesses e as preocupações (culturais, artisticas, ...). Vem-me à memória uma das primeiras propostas "fora da caixa" que existiram em Évora, na qual tive a fortuna de participar (curiosamente o espectáculo chamava-se, precisamente, A Caixa:) e que fazia parte do programa Off do Festival Viva A Rua (programa esse que procurava explorar linguagens e abordagens alternativas ao que era comummente apresentado).
Os cursos artísticos foram surgindo, promovendo, ao longo dos anos, um tecido criativo crescente e, de certa forma, qualificado, que se juntou aos vários grupos e associações (nas várias abrangências culturais), mas também aos poucos projectos profissionais locais (essencialmente na área do teatro e da dança). E o facto é que actualmente existem dezenas de projectos, mais ou menos consistentes, uns firmados, outros emergentes, nos variadíssimos olhares sobre a criação artística. Hoje podemos facilmente identificar uma manta concreta, diversa e promissora nesta localidade.
Todos aqueles que sonharam um dia conseguir viver (e quando escrevo viver é isso mesmo que quero escrever: comer, dormir, sonhar) desta aparente ilusão, que é a criação artística, sentem que tudo isto podia ser melhor, especialmente aqui em Évora, onde por vezes é mais corajoso ficar e insistir, do que tentar a sorte noutro lado qualquer.
Olhando aos indicadores, esta cidade tem tudo para ser um desses lugares cheios de artistas, entidades criadoras e promotoras, gente que passa e olha, que dança e vê, que chora e também sonha (assemelhando-se mais aos seus vídeos institucionais: um paraiso histórico, bem preservado e pujante).
Nas últimas semanas o movimento "a Cultura está viva e manifesta-se na rua" criou impacto, procurando dinamizar o gesto de cidadania talvez mais importante que existe: o diálogo, a discussão. Pretende-se que seja possível promover uma amena colaboração com a edilidade, prolongando-a para esse constante diálogo com a comunidade. Que se trabalhe para que, com o tempo, algumas muralhas e muros possam ser derrubados. E é com esta noção de que existe, já, um público variado, interessado e mobilizado(r) em Évora, que este movimento se tem reunido diáriamente, unindo-se e fazendo-se ouvir para que esta cidade consiga espreitar cada vez mais, um pouco além das várias muralhas que a circundam.
in Jornal Registo de 21 de Julho de 2011
20 July 2011
13 July 2011
mêe
ovelha 2: cala-te, mêê, temos que continuar, mêê
o.1: mas ali ao fundo.. mê.. é o precipicio..
o.2: mêê.. caga lá nisso, temos que continuar. mêê. eles dizem que temos que continuar.
o.1: mas porquê?.. mê
o.2: não sei.. mêê.. mas temos que continuar... mêê
o.1: pois é, temos que conttinuuuuaaaaarrrrrrrr................
21 May 2011
assim é que é, ganda clube....
agora têm é que começar a jogare, não nos túneles como alguns - já que samos uma equipa da bola e não de alectricistas...
Jasus, vamos a veres se colocas os gajos a darem pontapés na bola e nas canelas dos gajos lá do porto - deixa lá a coisa, a gramática, em paz... coitada da moiça...
e o senhor 8 milhões já avoou da capoêra... Temo-lo que o aceitar. não vale a pena descutirmos mais isso, porque é um assunto do forno interno do clube.
agora só falta aganharmos mesmo. este ano vamos aganhar a Champinhons e a copa amaricana. com jeitinho até vamos a Antenas ganhar ao AEK.. é começar já a formatilizar o plantel deste próximo ano e está feito.
até os camemos e tudo...
e assim se faz um clube por esse mundo fora, bem como no estrangeiro.
é como um motocard disse um dia, "O que importa é estarmos aqui todos com um espírito de sentimento"
http://www.guinnessworldrecords.com/gwrday/portugal_teameffort.aspx
27 October 2010
barca de merda
Fidalgo: "ah, fazes birra? então agora faço eu! (à parte) fazemos este joguinho palerma para enganar os parvos, assim vem ai o FMI e faz o que nos dá jeito... tiram o dinheirinho ali à populaça.. a nós não nos fazem mal... e não te preocupes, a nós não nos deixam ficar mal."
Parvo (à parte): "foda-se, eu vou-me é embora desta barca de merda que já se afundou".
Sapateiro: "é mesmo parvo. eu já o fiz em 2004. e até me deram um belo trabalhinho de Alcoviteira"...
Parvo: E nesta barca de inferno nos afundam...
18 September 2010
lá ao fundo...
"As ideias são como peixes. Se quisermos apanhar peixes pequenos, podemos ficar pelas águas pouco profundas. Mas se quisermos apanhar os peixes grandes temos de ir mais fundo. Lá no fundo, os peixes são mais poderosos e mais puros. São enormes e abstractos. E são muito bonitos." david lynch
24 March 2010
obviamente que sim
obviamente que a net nos facilita a vida.
obviamente que dispenso a urgência de actualizar os blogs e os facebooks e coisas afins
obviamente que não tenho saudades da pressa
obviamente que gosto de lugares comuns
obviamente, não é, net?
23 March 2010
A Vertigem do Espaço
de Ana Silveira Ferreira (ExQuorum)
no Instituto Franco-Português, Lisboa: 27 de Março - 21.30
no Estúdio PerFormas, Aveiro, Aveiro: 10 de Abril - 21.30