22 September 2009

gato preto, gato branco

há coisas que, tenho que confessar, até me custam um bocado. como por exemplo até gostar que o joão moutinho fosse do benfica. ou a fuga do paulo sousa para o sporting. ou que o preud´homme já não jogue. e que os sócios do benfica se tivessem deixado enganar pelo vale e azevedo. e que o paneira tivesse saido como saiu. e o joão pinto a pedir desculpa. e a vergonha de vigo. e a catrefada de gajos que passaram por ali, que dificilmente teriam lugar no santa clara. por uma vez ter cuspido para o chão numa das torres de acesso às bancadas, no velho estádio da luz. ter estado quinze anos a ver uma vergonha de equipa.
por outro lado, há coisas que me enchem de orgulho até chegar a lágrima ao canto do olho. a despedida do rui costa. primeiro para itália. depois para director. um estádio cheio a gritar a mesma frase, embora de forma desafinada. o brilho da relva e o cheiro a cachorro. as goleadas e os jogos bem ganhos. a caderneta de cromos perfeita. o renascer das cinzas. a época entre o nascimento e as cinzas. os pequenos que ali começaram e que depois cresceram, noutro lado. os que para lá queriam ir.
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gosto essencialmente daquela cena, onde numa água imunda, nada apaixonado, com a sua ingenuidade parola. ter que regressar com um gelado e levar um banho de água suja. e agarrar-se a uma câmara de ar de “camião”. já tive uma daquelas, quando me banhava na ribeira de sôr. a estância improvisada e a frescura da sujidade – gosto especialmente do “se deixar ir”, de laranjada na mão.