11 November 2014

é preciso ter tomates


Há uns dois anos estava na moda o "empreendedorismo" (tão básica que é a sua lógica que foi necessário tornar-se moda para alguns defenderem isso, como se estivessem a encontrar a arca perdida); depois veio a ideia de "trabalho em rede" (em que muitos teimavam em não ver a sua utilidade); veio a crise, políticas austeras e muita gente ficou depenada; Por exemplo (e por conhecer medianamente), na cena cultural e artística entidades, companhias, centros artísticos e culturais perderam as bengalas que duraram duas décadas... Agora, depois da "moda" (ou tendência) dessa "invenção" que é o trabalho em rede prestar-se, já, a evoluir para outro nível, mais amadurecido, surgem ainda alguns a gritar "aqui d´el rey", como se inventassem a pólvora (mas sem colocar em prática o que debitam em amenas tertúlias).
Há áreas em que vigora o "corre atrás de", em que se pensa que se é "pós de arroz", autênticos exploradores heróicos da batata; e não passam de mainstreams irregulares, sem dinheiro nem perspectiva, sem força, sem capacidade de abrir caminhos. E muitas vezes, sem bom gosto. Apenas conseguem aproveitar-se de vias que se vão abrindo com o trabalho de outros... poucos. E palrar, e "opinar", e auto-promover-se... agora agir, "tá quieto".
O que incomoda nem é isso, ter que lidar com a "tabernice" disfarçada pela arrogância. É acreditar que tudo podia ser diferente, caso se fizesse mais e se "opinasse"  - apenas - menos; Caso se olhasse - mais - para os outros e para os trabalhos, de facto; e se estivesse menos preocupado - apenas - com o ego (unicamente com o ego, pobre ego).
Obviamente que isto não é transversal; obviamente que isto não é totalitário… mas que é uma triste realidade, é! E pensar que se perde tanto tempo em rodriguinhos e subterfugios discursais. A seriedade, a coragem, a força do trabalho, a clareza de ideias, a disponibilidade para fazer em conjunto não se encontram unicamente nos livros e não terminam (quanto muito seria começar, não?) em debates. A acção faz-se, fazendo. É como a coragem. É como o caminho; e cada um tem o seu e se deita no leito que sinta mais propício para deixar desenvolver os seus micróbios morais. O mundo é, por vezes, uma porra. Isto numa frase? "Deixa-te de merdas e faz!"

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